CONSULTOR OU EMPREGADO




CONSULTOR OU EMPREGADO - DÚVIDA!
Dino Carlos Mocs�nyi
Esta �dica� � parte do livro �Consultoria: O Caminho das Pedras�, editado pela Central de Neg�cios Editora e Marketing. Para adquiri-lo, clique ao final deste texto!


Trabalhar como empregado tem seu lado bom e outro nem tanto...

O lado bom, por exemplo, � saber exatamente em quais dias voc� receber�, entre outros, o pagamento, o 13� sal�rio e o reembolso de algumas despesas que ocorrem, o que sem d�vida d� uma certa sensa��o de seguran�a e leva a or�amentos pessoais mais programados.

Al�m disto, a empresa tamb�m tem papel importante na carreira, pois constitui um balizamento e fornece par�metros entre os quais conduzimos nossa vida profissional. Ela � que determina, muitas vezes, o trajeto da nossa escalada no trabalho. Isso acaba provocando certo conforto e at� certa pregui�a mental. � o que senti, quando estive empregado em diversos per�odos de minha vida.

Para quem tem a cabe�a a mil, tendo id�ias o tempo todo, trabalhar em uma empresa pode ser algo penoso, pois na maioria das vezes a disposi��o dela de realizar coisas novas n�o � a mesma que a nossa. Isso j� n�o acontece quando voc� atua como consultor independente!

Isso, por outro lado, n�o significa que ser profissional independente � o destino obrigat�rio de todos aqueles que n�o se adaptam � rotina organizacional ou se encontram desempregados. Muitas vezes, quando revejo pessoas que me conhecem de projetos do passado, de congressos ou dee outros eventos dos quais participei, pergunto-lhes o que andam fazendo nda vida. Quando n�o est�o empregadas, �� comum eu ouvir que �estou dando umas consultorias por a�.

Confesso que fico surpreso quando isso acontece.

Em primeiro lugar, porque �dar� consultoria n�o est� bem certo... O correto � vend�-la, ou �prest�-la�, que � o jarg�o correto. Consultoria n�o � uma atividade altru�sta nem beneficente!.

Em segundo lugar, porque afirma��es assim feitas por profissionais muitas vezes excelentes em suas especialidades, sempre me passam a impress�o de transitoriedade, de improvisa��o, de um �quebra-galho� profissional enquanto n�o surge outro emprego.

Nos pr�ximos dez ou vinte anos, uma quantidade enorme de pessoas continuar� nesta transi��o, saindo de um emprego fixo e, eventualmente, passando por um per�odo profissional independente, auto intitulando-se consultor ou n�o. Algumas poder�o permanecer assim pelo resto da vida, enquanto outras aproveitar�o esse per�odo apenas como uma ponte, para n�o ficarem paradas entre o vazio do desemprego e um novo emprego fixo. Na primeira oportunidade que aparecer, deixar�o de ser consultores.

Identificando melhor estas pessoas, vamos constatar que tipicamente permaneceram por dez, quinze ou vinte anos exercendo fun��es como executivos, gerentes, diretores ou mesmo empres�rios. Portanto, pertencem a um grupo que, antes da mudan�a, estava empregado, prezava muito trabalhar das oito �s dezoito horas e gozava de alguns privil�gios. Al�m do sal�rio garantido, d�cimo-terceiro e f�rias, os integrantes desse grupo contavam tamb�m com secret�ria, telefone, fax, xerox, computador, office-boy etc.

Mas, de repente, ficaram �dispon�veis no mercado�.

Esta forma eufem�stica de definir o problema faz parte do clima psicol�gico que o desemprego provoca. Aqueles que antes usufru�am de status e prest�gio pela fun��o que ocupavam numa determinada empresa, ficam constrangidos de dizer aos parentes e amigos que est�o desempregados. Mas, falando claramente, esta � a realidade de um grande contingente de pessoas, independente do segmento social a que pertencem.

Tecnicamente, n�o podemos definir como consultores as pessoas que est�o, transitoriamente, �dando umas consultorias por a�. Possivelmente, algumas delas sejam leitores t�picos de um livro como este e est�o inseguras sobre qual o caminho a seguir. N�o sabem, por exemplo, se a decis�o correta � firmar �ncora em sua profiss�o, atuando doravante como consultor, ou permanecer assim somente at� o aparecimento de um novo emprego.

J� para as empresas, o risco ao contratar �consultores em transi��o� � n�o encontrar o profissional adequado ou preparado para o perfil de suas necessidades. �s vezes, s�o pessoas que entendem sobre determinados assuntos t�cnicos profundamente, porque era exatamente isso que faziam anteriormente como empregados, mas que n�o t�m a habilidade necess�ria para oferecer esse conhecimento como assessores, sem poder de decis�o.

Mas esta transi��o n�o �, necessariamente, negativa. No in�cio de 1996, tive a oportunidade de ser treinado e certificado pelo badalado consultor norte-americano William Bridges, realmente um dos maiores especialistas dos Estados Unidos em mudan�as organizacionais. Durante nossa conviv�ncia, tivemos uma discuss�o bastante extensa e muito produtiva sobre o assunto. A perda de um emprego e a conquista de outro correspondem, exatamente, ao tipo de transi��o que muita gente est� vivenciando, hoje, no mundo inteiro.

Segundo Bridges, o per�odo de transi��o pode ser muito criativo e produtivo, pois voc� est�, gradativamente, se libertando de concep��es e id�ias ultrapassadas e se submetendo a situa��es novas. Na pr�tica, isto corresponde � situa��o de quem est� se distanciando da rotina do dia-a-dia das empresas. Portanto, quem se encontra nesse est�gio da vida profissional est� aprendendo coisas novas e tem a possibilidade, ainda, de enriquecer muito a sua bagagem cultural e t�cnica.

Defino o trabalho de consultoria como uma forma de se exercer a sua pr�pria profiss�o. N�o acho correto um profissional dizer que � consultor. �s vezes, eu mesmo me traio, por exemplo quando preencho as fichas de check-in na entrada dos hot�is onde me hospedo...

No campo em que pedem �profiss�o�, escrevo �consultor�. Na verdade, eu deveria escrever �engenheiro� ou �administrador de empresas�, que est� atuando como consultor independente. naquele momento. Mas esta explica��o � muito extensa, e acabo colocando apenas �consultor�...